A maioria
dos projetospré-qualificados nas Leis de Incentivo
à Cultura favorece o cinema, a música, o teatro, as artes plásticas e
visuais, a multimídia e a dança. Existem
leis em que a Literatura é totalmente descartada nos seus editais. Em algumas, o projeto só é aprovado se o
proponente tiver um patrocinador.
Para se conseguir um patrocínio para a produção de um livro é
difícil porque os custos são pequenos comparados à produção de outras áreas. As
empresas patrocinadoras necessitam de altos valores para que sejam abatidos do
montante arrecadado com os impostos.
Por outro lado as mesmas, quando
investem em um projeto, precisam de retorno e de uma boa repercussão. Para que
isto aconteça, destinam suas verbas aos profissionais que se destacam no
mercado. Os profissionais pouco conhecidos acabam ficando com seus projetos
engavetados.
Necessitamos urgentemente de uma Lei que favoreça a
produção literária, onde empresas de pequeno porte pudessem investir parte do
valor arrecadado com os impostos na edição de uma obra literária. A
referida Lei também poderia ter como patrocinador uma pessoa física.
Assim, os investimentos na literatura são insignificantes
diante do montante utilizado para o cinema, teatro, música, dança, artes e
esporte. Tomemos como exemplo os órgãos públicos e as estatais. Não vamos citar
nomes porque todos sabem qual é o destino das verbas. É só assistir um jogo de
basquete, vôlei, um filme e etc.
Não somos contra o investimento feito nas referidas áreas.
Pelo contrário, somos a favor de mais verbas para as mesmas.
A nossa proposta é
despertar os órgãos públicos, estatais e as empresas privadas para investirem mais
na produção literária.
Queremos a democratização das verbas públicas e privadas.
Esperamos que as mesmas favoreçam todos
os que trabalham em prol da cultura; que não sejam destinadas apenas a
uma pequena fatia do mercado cultural. Que os nomes poucos conhecidos na
literatura, cinema, música, dança, teatro, multimídia, artes plásticas e
visuais, possam se beneficiar das Leis de Incentivo à Cultura e das verbas
destinadas à Cultura pelos governos federal,
estaduais e municipais.
Esperamos também seja criada a Lei de Incentivo à
Literatura e que a mesma favoreça democraticamente todos os escritores,
inclusive os novos talentos e os profissionais que ainda não conseguiram
destaque no mercado editorial.
Rosani Abou Adal, escritora e jornalista, foi laureada com o Prêmio Mulheres do Mercado, da Casa de Cultura de Santo Amaro e Prefeitura Municipal de São Paulo.