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HAICAIS ?“solidão zerada?e “sigo em
segunda?br style='mso-special-character:line-break'>
solidão zerada
?/span>o sol e minha sombra
na caminhada
Débora Novaes de Castro
11/01/2006
sigo em segunda
a sombra do cadarço do
tênis e a minha
vão de primeira
Débora Novaes de Castro
11/01/2006
Sobre as próprias criações, não opinamos;
nem a tanto,?nos atreveríamos. No caso
específico, entretanto,??pena; pois se
o fizéssemos, despojados da autoria, seria?
na intenção singela?de
alinhavarmos algumas?considerações sobre
a estrutura dos haicais, quando então diríamos?
tratar-se de sínteses poéticas diferenciadas, flagradas aos movimentos
da natureza, em perfeita sintonia com o ser pensante inserido na paisagem.
Nosso texto versaria
sobre temas, forma, titulação, silabação, rima, ritmo, vislumbre, brevidade,
que estariam ou não latentes nestes eventos poéticos, colhidos ao acaso em
radiosa caminhada matinal. Diríamos tratar-se de haicais modernos ou
livres,?sem titulação, silabação livre,
com e sem rimas, vislumbre filosófico, o “eu?interior espectador e
partícipe,?e outras características de
validação. Evidenciaríamos que ser um?
terceto não ?o bastante;?pois um
pensamento ou um miniconto pode estar contido em três
linhas. Lembraríamos a chegada e adaptação da poética do haicai?em outros países, quando ganha louros de
modernidade. No Brasil, citaríamos Guilherme de Almeida, um haicaísta
oriental/moderno, com seus haicais?titulados, adornados com rimas; mas
conservando-lhes a forma?e silabação
oriental - versos em 5,7,5 sílabas,?como
se v?em “Infância?
INFÂNCIA
Um gôsto de amora
comida com sol.?A vida
chamava-se “Agora?
(5,7,5
sílabas)
(In ?i style='mso-bidi-font-style:normal'>Poesia Vária?,
Guilherme de Almeida, II Parte, Os meus Hai-kais, 1947, p.55 ?grafia da época)
Aqui, o título complementa o?poema -?
lembrança de um passado distante. O ponto forte, encontra-se no
vislumbre ?a saudade que, dolente, faz reviver as cores e gostos da Infância tornando
um momento ditoso do passado num presente auspicioso e?feliz. Versos com pontuação e uso de Letras maiúscula e minúsculas. Rimas: últimas sílabas tônicas dos
primeiro e terceiro versos; e,?no
segundo verso, segunda e sétima sílabas tônicas.?A imagem se completa na seqüência dos três
versos.
E ainda, de Luís Aranha, dois haicais?publicados mais livremente, quase que
discursivamente, nas primeiras décadas do modernismo brasileiro - sem
titulação, pontuados, silabação livre, tema da natureza, líricos, início dos
versos em maiúsculas, como nas composições:
Jogaste tua ventarola para o céu.
Ela ficou presa no azul
convertida em lua.
(11, 13, 5 sílabas)
Pardas gotas de mel
Voando em torno de uma rosa
Abelha.
(6,12, 2 sílabas)
(In??/span>Drogaria do Éter de Sombra, 1921)
Contrariando a estrutura convencional
oriental?de 5,7,5 o poeta dilata esses
parâmetros, sob a influência da modernidade européia. Sobre
“solidão zerada? caso fosse nossa, a face do outro lado da
moeda, assim nos reportaríamos: -
Trata-se de um poema haicai, imagem
registrada num terceto poético com silabação em 5,6,4; titulação inexistente,
pois que a imagem se completa?nos três
versos; rima não intencional (primeiro e terceiro versos); vislumbre ,?o “eu?não explicitado no segundo verso,
tendo por companhia o “sol?e?a “sombra?
- um terceto ao estilo oriental, em letras minúsculas, sem pontuação (o qu?não
acontece com os cultores da poética das origens no Brasil e em outros países).O ponto forte, único e inequívoco, encontra-se em todo o
primeiro verso “solidão zerada? No segundo, os sons fortes ?/span>de “solidão?e “sol?span
style='mso-spacerun:yes'>?e a antítese morfológica unem-se para o ganho em quilates. Abotoando
o minipoema, diríamos que o?terceiro verso não afivela a idéia, mas a
projeta indefinidamente.
Sobre o segundo ato
criativo ?i style='mso-bidi-font-style:
normal'>sigo em
segunda??diríamos
que também aqui, justifica-se o poema haicai.
Assim como a?aranha que tece o fio para
enredar a presa que lhe ser?por alimento, também a poeta tocada pela explosão
de um “momento de requinte?alinhava umas poucas palavras para a sua criação.
Na seqüência dos três versos temos?a
globalização de todo o projeto criativo: primeiro verso, a apresentação;
segundo, o coração em plena pulsação; no terceiro, a sua finalização da imagem.
Trata-se de um?haicai ao estilo livre,
terceto?em 4, 12, 4, sílabas. Um chiste
na exposição do tema, remonta-nos aos fazeres haicaísticos
das raízes, quando o anedótico revelava-se em moda. Com um leve?toque filosófico,?valores revertidos como a roda da vida, o
haicai apresenta-se sem título, todo em?
minúsculas e sem pontuação, justificando-se a marca intencional da
autora.?
Concluindo, pediríamos ”vênia? caso estivéssemos (como de fato
estamos) nesta face da moeda, escrevendo?
o?texto que acaba de ler.
*Débora Novaes de
Castro, n. plástico-literário de?Débora
de Castro, Mestre em Comunicação e Semiótica - Intersemiose
na Literatura e nas Artes. Tese: O HAICAI NO BRASIL: Comunicação & Cultura,
Puc-SP, 2004.
Sob sua coordenação e produção, o site VALE DOS HAICAIS, www..haicai.com.br
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