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CAIPIRACICABANIZANDO

 

Lino Vitti

 

Dentro de breve, a literatura piracicabana estará sendo enriquecida com mais um importante e indispensável livro de poesia. É um poema só equiparável aos “Luzíadas” de Camões que, com sua grandeza, imortalizou Portugal, seu povo, sua História. Aliás o próprio autor, o exímio e generoso poeta Ésio António Pezatto,  me disse que o seu poema, escrito em oitavas ricamente  rimadas e estilosamente adornadas, como convém a esse tipo de arte poética ,  perde apenas para os “Luziadas” por uma estrofe. São mais de 1250 estrofes e de 10.250 versos, uma empreitada que só uma rara capacidade intelecto-cultural tem coragem de enfrentar e concluir. E assim, antecipando-me à publicação da obra do inimitável e prodigioso poeta piracicabano, tenho o prazer honroso(se aceito pela editoria de Linguagem Viva)) de publicar o Prefácio do livro, para cuja autoria fui convidado pelo meu confrade de arte bilaco-camoneana:

 

“CAIPIRACICABANIZANDO”

“Ousadia poética? Aventura literária? Pujança intelectual? Explosão de amor à arte e à cultura? Declaração apaixonada à terra e ao povo piracicabanos? Tratado rimado da História de uma comunidade? Mapa metaforizado de Piracicaba, detalhando a grandeza e os valores da “brava gente” caipiracicabana?  Épica demonstração de arte de um filho que retrata em mais de 1.200 oitavas poéticas camoneanas à terra materna? A resposta a todas essas dúvidas que assaltam o “prefaciador” , você as encontrará, amigo,  depois de adentrar este jardim encantado, repousando sua capacidade intelectiva  em cada página, em cada estrofe, em cada verso, em cada rima. Cada linha lida, cada palavra entendida, é um relâmpago de amor à terra e à gente piracicabanas.

Ésio excede-se a si mesmo. É sublime ousadia hoje cantar em estrofes clássicas , em oitavas épicas,  a grandeza de um povo, como é grande o povo cantado pelo “Os Caipiras”  de Ésio.

Fica –me a impressão, diria até certeza,  de que o autor não teve obstáculos em poetar a vida e a gente de sua  terra natal, o que vem demostrado na larga inspiração e na quilométrica arte poética com que montou o seu livro. Em ambas as hipóteses, sobra capacidade ao poeta para dizer as coisas e lhe sobram qualidades artísticas  para  ele dize-las como o faz ele  ao longo dos milhares de versos e dos milhares de rimas, tudo enfeitado por uma métrica perfeita; florescido pela beleza das figuras de retórica; engrandecido pelo valor dos assuntos e personagens que se sucedem, livro afora, como um rosário encantado de atos e espíritos valorizados ao extremo.

Ao ler, apreciar e entender  “Os Caipiras” de Ésio António Pezatto, você verá, leitor, o quanto somos ignorantes  ainda em matéria de feitos, fatos e valores humanos  de nossa terra. É um repositório. É um tesouro. É a mina onde se acoita o ouro da grandeza piracicabana. Vá com calma. Apreste-se com a picareta da curiosidade, cave com o enxadão da paciência, peneire a ganga com a peneira de sua capacidade e tenho certeza de que encontrará pepitas poéticas, pérolas de vida, exemplos auríferos a comporem a existência de Piracicaba.

Relacionar aqui nomes que glorificam Piracicaba, seria espichar esta apresentação e este livro em mais de centenas e centenas de páginas. E, depois , não quero ser desmancha-prazeres, tirando do leitor o próprio prazer de enveredar pelas maravilhosas oitavas do Ésio e encantar-se com tudo quanto ele soube dizer, ritmando e rimando , perdulariamente, ao longo de seu estupendo poema.

Nada escapa à fantasia esiana. Piracicaba de ontem, de hoje, e,  num sonho fantástico, de amanhã, está metida nessa camisa de força dourada e luminosa em que a aprisonou o seu poeta-cantor. Essa gaiola poética , dentro da qual Piracicaba trina e canta a sua vida de felicidade e sonhos, dividiu-a Ésio em dez alçapões que ele chama de “cantos”. É verdade, são cantos atraentes como de uma sereia. Ei-los: EXORTAÇÃO, A FUNDAÇÃO, O PROGRESSO, OS IMIGRANTES, A AGRICULTURA, A BEIRA-RIO, LENDAS, HISTÓRIAS,   ANDANDO NA CIDADE E EPÍLOGO, deliciosamente armados para engaiolar o prazer daqueles que quiserem percorrer o poema-história caipiracicabano.

Vale a pena cair nesse laço armado pelo vate de “Luzes da Aurora”, “Semeadura”, “Romaria”, “Portal de Sonhos”, “Colcha de Retalhos”, “Viagem Poética” e outros muitos. Dessa prisão encantada cujas grades não são mais do que poesia transfeita em barras de versos e rimas, voltaremos alegres e felizes, conhecendo mais e melhor os valores desta terra, os encantos desta terra, a grandeza de seus filhos que não mediram, nem medem trabalhos e sacrifícios para amá-la, cada vez mais culta,  cada vez mais sábia, cada vez mais bela, cada vez mais querida, cada vez mais encantadora aos olhos dos poetas que não cessam de enaltecer-lhe a grandeza, a formosura e os encantos de noiva eterna.

Não me sentiria totalmente satisfeito ainda, caso não voltasse a  escrever  sobre o entrelaçamento lítero-cultural que, como afirmei no início, existe entre o imorredouro poema de Camões, “ Os Lusíadas” e o “Os Caipiras” do nosso “Camões” piracicabano, Ésio. Ambos dignificam a sua pátria, a sua gente, a sua História, a sua cultura, os seus valores, a sua arte, a sua grandeza. Ambos se igualam em estilo, em número de estrofes  e de versos, em qualidade e em glorificação cívico-patriótica. Ambos mostram a imensidade da cultura poética e histórica que os autores guardam, com muito carinho e fé, dentro da alma e da sua capacidade intelectiva. Ambos são ricos em poesia, em dignificação humana, em saber, em memória, em arte literária.  Ambos escrevem, em letras de fogo, o belo que há na grandeza, no trabalho, na Fé, no Amor          de um povo, de uma comunidade. Ambos mostram,  sem rebuços,  o que pode a Poesia, o quê e como pode o poeta deixar imortalizado o nome de sua pátria e o próprio nome.

Aliás e para finalizar estas desconchavadas linhas, vou lembrar aqui a chave de ouro de um soneto, lido e relido nos meus dias de seminário religioso, registrando a figura de Camões, cuja obra não teria sido, inicialmente, bem recebida pelos seus compatriotas, provocando assim profunda tristeza na alma camoneana. E o autor fecha o soneto com esta pérola:  “ Ele (Camões) vingou-se assim: fez-te imortal”. Se me fosse dado elaborar um soneto ao nosso camões piracicabano, eu teria de fechá-lo com este verso: “Ele (Ésio)te amou demais: fez-te imortal”. É isso aí, Piracicaba. Estás imortalizada no poema.  E para confirmá-lo, mãos à tarefa, piracicabanos. Criem coragem e amor  e apreciem o que de maior se escreveu em versos sobre a sua terra.                   

Lino Vitti – “Príncipe dos Poetas Piracicabanos” e “Piracicabanus Praeclarus”