Edições

Página Inicial

Notícias

Ela Escreve com Amor

Escreva Corretamente

Lauro Martinelli Realização Onírica

Brasília Floresce

Sites

A Dimensão do Mito

Paulinha

Livros

A Caixa de Sapatos de Carpinejar

Breve Notícia da Poesia Argentina Contemporânea

Editorial

 

O Poeta

 

Caio Porfírio Carneiro

 

 

Sentou-se na sua mesa de trabalho, o computador ao lado. Iria fazer uma poesia para ela. Vira-a uma única vez. Foi o bastante. Ela ia passando. Como era feminina, como era linda... Merecia uma poesia.

Nem pensou no computador. Nele não conseguia escrever poesia. Apenas prosa. Poesia, só à mão, com lápis ou esferográfica.

Afastou papéis, pegou uma folha em branco, a caneta. Rabiscou, rapidamente, o primeiro verso:

“Uma deusa ao sopro da brisa...”

Não gostou. Muito romântico. Muito banal. Jogou o papel no cesto. Pegou outro. Pensou. Veio o primeiro verso. Também não gostou. Foi para o cesto. E para o cesto foram outras e outras folhas amarfanhadas.

O entusiasmo se transformou em tédio. Levantou-se, foi à janela, pôs as mãos nos quadris, virou o corpo para a direita, para a esquerda. Pequeno exercício, que ficara muito tempo sentado.

Lá em frente o bar e amigos. Céu bonito, sol bonito.

Desceu, atravessou a rua:

- Ei, turma!

Pediu uma cerveja.

E meteu-se na discussão, entusiasmado, esculhambando o governo.

Caio Porfírio Carneiro é escritor, crítico literário e secretário administrativo da União Brasileira de Escritores.